Postes lotados, calçadas ocupadas: os perigos dos cabos soltos em Águas Claras
Quem caminha pelas ruas de Águas Claras já se acostumou a ver um cenário que causa mais do que poluição visual: fios amontoados nos postes, enrolados ou simplesmente jogados pelas calçadas. Em alguns pontos, o perigo é ainda mais visível, com cabos atravessando passagens e se tornando ameaça real para pedestres, motociclistas e usuários de patinete.
Em um dos locais onde a equipe do DFÁguasClaras esteve nesta semana, o cenário se repetia: cabos soltos no chão e pendurados nos postes. Enquanto isso, técnicos de telecomunicação realizavam o reparo em fios rompidos.
“Estamos recolhendo aqui, provavelmente um caminhão alto que arrebentou o cabo. Mas nem todas as empresas fazem esse trabalho direito. A gente vê muito cabo solto, perigoso, atrapalhando quem passa”, relatou Joabe Bispo, técnico de uma operadora.
A quem cabe a responsabilidade?
Os postes são de responsabilidade da Neoenergia, distribuidora de energia do Distrito Federal. Mas os fios que causam o emaranhado são, na maior parte, de empresas de telecomunicação, como prestadoras de internet, TV a cabo e telefonia. E é aí que o problema se complica.
De acordo com a Neoenergia, decisões judiciais impediram a retirada de cabos clandestinos por parte da distribuidora, o que reduziu em 75% as ações de fiscalização e remoção de fios irregulares. Antes das liminares, 22 toneladas de cabos haviam sido retiradas. Depois delas, o número caiu para apenas 3 toneladas.
A Conexis Brasil Digital, que representa as maiores operadoras do país, como Claro, Vivo, Oi, Tim e Algar, afirma que suas associadas seguem os padrões técnicos e mantêm equipes para manutenção.
“A fiscalização cabe à empresa proprietária do poste que deve acionar as empresas de telecomunicações para reparos em caso de necessidade”, declarou a associação em nota.
A Neoenergia, por sua vez, afirmou em 2023 que 154 empresas operavam de forma regular no DF, um avanço em relação às 83 cadastradas antes do início da atuação intensificada da distribuidora. Ainda assim, estima-se que cerca de 30% das operadoras sigam atuando de forma clandestina, sem contrato formal e sem arcar com os custos de infraestrutura e fiscalização exigidos pela Aneel.
Visual e risco real
Além da estética urbana prejudicada, os fios desordenados representam risco direto à população. Há relatos de cabos enrolados em árvores, pendurados ao alcance das mãos e jogados sobre calçadas, onde crianças brincam e idosos caminham. Imagina se fosse tudo subterrâneo?
E a Administração de Águas Claras?
A Administração Regional não tem competência para remover os fios ou realizar qualquer fiscalização direta. A responsabilidade segue dividida entre a Neoenergia e as empresas de telecomunicação, em um impasse que, enquanto não for resolvido, continuará colocando a população em risco.
O DFÁguasClaras segue de olho. Se você também presenciou fios soltos em sua rua, envie fotos e localização para nossa equipe. A pressão da sociedade é essencial para que providências efetivas sejam tomadas.
Por: Rafaella Iack.
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